Monday, September 23, 2019

[2018] Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos




Há, nos primeiros momentos de projeção, uma ocorrência importante,
decisiva, a outorgar sentido ao que se faz defender:

  {{ UM HOMEM, residente da aldeia,
       caminha sozinho pela floresta (à noite).
       SUAS COSTAS (como viva tatuagem)
       RECEBE DA LUA OSCILANTE IMPRESSÃO 
       DE SOMBRAS: FOLHAS E COPAS 
           DE ÁRVORES
       NO VIÇOSO TECIDO 
       DE SUA PELE DESNUDA. }}

Eis aí o primeiro instante de sentido_

   Pois não se trata
(em "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos")   
de um Homem em um Espaço ou Lugar  
mas sim, de um modo mais especifico,
de um Espaço ou Lugar 
em um Homem.

um em que o homem, sujeito,
se assujeita  
           (para além da própria vontade)
aos desígnios 
de um específico 
              pertencimento

[2]

Aldeia

e, por extensão, também, floresta
em cronotopo¹ particular,  
faz evidente
por dentre artifícios cinemáticos,

o emoldurar de
 embates culturais
           (ou choques térmicos)

dispostos em contraste 
no experimentar possível de um 
tempo narrativo maior
e de sua constitutiva razão
diante de um antagônico outro,
inscrito à fora (e, nEste caso específico,

também a despeito
deste primeiro. 


[3]

Descubro (dias) depois que, quanto a sua produção,
      o filme se grava respeitoso
                     da sucessão dos eventos naturais
tal como inscritos no roteiro literário [!]
((E, por isso mesmo,
não poderia haver ditado "controle" aos caprichos
da selva))

[aos amigos próximos, um dia desses...
postulo, em prematuro, a seguinte imponderação:


Sua cena última  – uma "tomada" 
predominantemente interna
de ação mais ou menos direta,
    se conclui, em um momento designado, 
         em um registro em externa
             em favor da fraca chuva 
                 e dos sorrisos da molecada 
 –  me parecendo que, de algum modo,
esta não condizia,
no escopo do que se via,
com aquilo que pensei haver sido
  a proposição de sua trilha (ou percurso:
o produto da EQUAÇÃO {não numérica},
por assim dizer,
    constituinte do que, na arte, se SUGERE
e, assim, faz-se INFERIR)

FATO É QUE a tal cena, como descobri mais tarde,
não estava mesmo no roteiro.. e,
por isso mesmo,
possuía sentido outro   
– tinha TEMPO DE FLORESTA, se preferir,
mas pra lá de um de filme
  temperando o constructo
((tal como a experimentação da trama do filme
por parte do PROTAGONISTA de sua história)) 
tendo a Selva, e suas artimanhas (geo)simbólicas,
por Caronte ou maquinista 

[4]

Não por acaso, trata-se da mais bem construída 
palheta de cores..

 fiel a um compromisso realista,
de viés científico
fruto de engenharia notória ,
capaz de, como poucos antes de si, 
documentar o espaço
sul-americano,  
brasileiro,  

honroso de tudo
o que, pelos desígnios da floresta,
faz-se fado telúrico


[F]

"Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos" é , portanto, 
essencial adição ao corpus cinematográfico contemporâneo
latino-americano e isso não a 'despeito da'
mas à 'propósito da' junção colaborativa 

entre olhares estrangeiros desde o além mar (português)
ao brasileiro latino, sagrando,
em terras originárias,
eterno e retorno


T Augusto Pereira
(Pássaro Preto)



        

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